quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Chagas

No meu peito cheio de brotoejas
Por baixo do osso esterno
Bate um coração cheio de chagas
Que apesar do que a alma esbraveja
E do que me insiste dizer o clero
É um músculo forte, mas que vaga.

Se Jesus sofreu por um mundo inteiro
Por que não posso sofrer pelo meu mundo?
No segundo em que a dor acabar
Não sei se irei encontrar o meu rumo
Todavia meu rumo agora, se resume a não saber
Pra aonde rumar
E o grito dos meus anseios é só um sussuro
Que do pulmão sai com toda força
Sendo emudecido pelo destempero e a têmpora
A pulsar com meu sangue

Procrastino o destino, e o nego
Continuarei a sempre negá-lo
Até o dia em que olharei para trás
E vê-lo-ei, de soslaio
Sofri, mas nada pude mudar.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

O canto

Meu coração é de veludo
Minha cabeça é de lata
Meu corpo, não é nada mais
Que um porta objetos
Inanimados, por definição

Defenestro meus pesadelos
Mesmo sabendo que a solução é momentânea
Tenho muitos medos
E será que eu conseguiria dormir sozinho,
se soubesse que ia morrer à noite?

A vida tem sido um fardo
Desde que eu coloquei a fé de lado
Vivo a pensar
Sorrisos não são mais permitidos
Se o tempo é relativo
Porque eu me encontro perdido
No limite do ostracismo amoroso
E do dever de agir

Meu caro, as sinapses não vao parar por enquanto
E o canto final desse pássaro triste
Parecerá para o resto do mundo
Um gracejo, um chiste.
Até parar
Completamente.

Sou um poeta ou um comediante?

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Saudades

Chamem do que quiser
Destino, acaso ou providência
Tudo que eu sei é que, simplesmente,
Agora, me é impossível tocar-lhe a mão

E eu já me vali de todas as seitas e religiões
De toda a magia que me indicaram
E eu não consigo, nem com todo amor
Superar a distância dimensional
Que se faz presente, a cada minuto a mais da sua ausência

E essas palavras são vãs
São inúteis,
Não me colocam em sua companhia
Mas são os resquícios de nós
São a codificação mal feita do que resta no meu peito

Eu já consigo chorar
Sozinho, mas consigo
Talvez um dia eu consiga me perdoar
Por não ter podido prever o futuro
Por não ter podido salvar o nosso mundo
E minha crença patética na vida eterna
É sustentada pelo fio de esperança
De te ver uma vez mais.