quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Chagas

No meu peito cheio de brotoejas
Por baixo do osso esterno
Bate um coração cheio de chagas
Que apesar do que a alma esbraveja
E do que me insiste dizer o clero
É um músculo forte, mas que vaga.

Se Jesus sofreu por um mundo inteiro
Por que não posso sofrer pelo meu mundo?
No segundo em que a dor acabar
Não sei se irei encontrar o meu rumo
Todavia meu rumo agora, se resume a não saber
Pra aonde rumar
E o grito dos meus anseios é só um sussuro
Que do pulmão sai com toda força
Sendo emudecido pelo destempero e a têmpora
A pulsar com meu sangue

Procrastino o destino, e o nego
Continuarei a sempre negá-lo
Até o dia em que olharei para trás
E vê-lo-ei, de soslaio
Sofri, mas nada pude mudar.

Um comentário:

Anna Flávia disse...

Como posso dar segurança?
Pela fresta vejo o tempo escorrido
corpo adentro.
Vamos fingir que somos mortos e poderemos viver melhor?
No dia em que a dor sumir que rainha e que rei nós seremos? Nossas dores... Nossos amores... Nossa mania de adiar o que não se pode alcançar.Apenas ela alcançava. Eu que vivia para fora, vida vai, vida vem, fico a imaginar para onde vão seus transbordamentos.
Em que lugar podemos nos guardar enquanto eles dormiam? Eles? O futuro, o passado, a morte, a vida.
As papoulas sempre foram tão vermelhas? Ou é apenas nossos olhos que estão assim?

Teu texto? Tritura densidades.