Meu querido diário,
Trancado sob o escapulário que minha mãe me deu
Confidente dos pensamentos só meus
Há tempos que não lhe abria
Desde aquele dia que eu chorei pela última vez
Não desfruto da sua companhia
É que pensei que fosses mais antiquado
Do que retratos pintados à mão
Mas esqueci-me que só você
Me vê pelos esquadros da dor
Venho, depois desse longo hiato
Contar-lhe um fato deveras estarrecedor
Após a longa noite em que se transformou minha vida
Nasceu em mim, novamente, a esperança do amor
Eu não tenho mais pressa
Meu único último desejo
É que o tempo seja destituído do seu altar
E aproveitado como simples instrumento
Que sejamos mensurados em momentos
E as rugas sejam de paixão
Meu querido diário,
Já não ando mais tão triste
Pode parecer só um chiste
Mas para você não guardo segredos
Você bem sabe
Ando até sorrindo
E caminhando de cabeça erguida
Agora sei que tem gente amiga pra me escutar
E pra me dar a mão
Meu querido diário:
Coração.
Um comentário:
Meteoros diazepanicos.
Postar um comentário