Uma flor tomava sol ao meio-dia
Exalando ousadia
Desafiando velhos poetas
não era amarela, nem medrosa
Rosa altiva vermelho-sangue
Solitária ne encosta de um cemitério
Não queria ser funcionário público,
Nem advogado, nem médico
Mais do que tudo, almejava ser flor
Solitária na encosta do cemitério
Um pouco de cor ao cinza das lápides
Não precisava ser regada
Se alimentava da morte
Sorte de quem vive no cemitério
e é amiga do coveiro
Garçom dos mais prestativos
Alma não tinha
Nunca aprendeu a rezar a ave-maria
apesar de ouvi-la quase todo dia
Também, que importa,
Pra quem fotossintetiza amor?
Ás vezes o vento a tirava pra dançar
a valsa dos diferentes
Solitários na encosta do cemitério
Loucos dançando sem música
Cambaleando sem sair do lugar
Devia estar ali há duzentos anos
Nunca morreria
Até o fatídico dia
em que foi colhida
e morreu nos cabelos de uma mulher.
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