quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Amor no conta-gotas

Todo dia eu me afogo
Nas lágrimas que eu não choro
E fico um tempo calado, no meu canto
Depois lavo o rosto e me recomponho
Esperando não afetar tanto
Aqueles que eu deveria amar

Mas, por enquanto, eu só amo
Aqueles que me fazem mal
Os que me mutilam, me cortam
Quem tiver um punhal
E estiver disposto a usá-lo
Ganhará meu amor incondicional
Maior do que o que eu tenho
Pelo gargalo da garrafa de vodka

Ora, como lutar pela vida
Se a vida é o meu próprio desgosto
Como cicatrizar as feridas
Se o gosto do sangue quente
É tão atraente que, sem fé,
Rezo por uma gota

Eu estou viciado na dor
E vivo num paradoxo inexorável
Onde sorrir é bom
Porque é inefável
Tentar esconder o quanto isso me agrada
Por cortar-me o coração em pedaços
Vários, incontáveis
Lindos e ensaguentados;

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